sexta-feira, 11 de maio de 2012

Pessoas não deixam empresas, deixam gestores

Mercado aquecido, volta à guerra por talentos e também a busca desesperada de ferramentas, metodologias e ações de curto prazo que (acreditamos) garantirão a tão desejada retenção de talentos.
Estas metodologias e ações existem e de fato apresentam certo resultado. Mas acredito que se estas ações forem pontuais e isoladas há o risco delas terem um efeito “band aid” que não resolve o problema de fato.
Um exemplo disto é quando uma organização “retém” seus profissionais cobrindo a oferta financeira feita pela concorrência. O efeito “band aid” pode trazer um alívio momentâneo mas também pode esconder alguns sintomas que serão sentidos mais tarde, como uma estrutura de cargos e salários com problemas de equidade interna ou ainda reforçar culturalmente que esta é a única maneira que os profissionais na empresa recebem aumento.
Para alcançar a retenção de talentos, acredito eu, é preciso um conjunto de ações que serão desenvolvidas e talvez orquestradas pela área de Recursos Humanos, porém não serão de execução desta área.
As pessoas não deixam empresas, deixam gestores. Só o gestor tem a possibilidade de conhecer os anseios e motivações de seu time. E isto nem sempre se refere unicamente ao gestor imediato. Olhar a gestão (ou a falta dela) dois ou até três níveis acima é perfeitamente normal. E esta avaliação também afeta a retenção de talentos.
Culpar o RH pela não retenção dos profissionais é como o técnico do time de futebol culpar o fabricante da chuteira porque perdeu o campeonato. A área de RH só cria as ferramentas e ensina a utilizá-las. Quem tem que colocá-las em prática são os gestores.
Se o diferencial de uma empresa para outra não for a gestão ou fatores ligados à qualidade dela, então podemos partir para uma premissa de que todas as empresas são muito parecidas e o que muda de uma para outra é o salário. E se isto fosse verdade caberia aos profissionais única e exclusivamente ir atrás do salário mais alto.
Encontro por todos os lados profissionais altamente engajados que não pestanejam ao recusarem uma nova oferta de trabalho, independentemente do salário oferecido. A justificativa para isto geralmente está intimamente ligada à gestão.
Mas é importante lembrar também que fazer gestão requer tempo e investimento em planejamento. Se os gestores forem única e exclusivamente cobrados e remunerados pelo atingimento das metas de curto prazo e gestão não for uma ação reconhecida como importante e vital na avaliação destes gestores, a organização desenvolverá apenas ótimos executores de metas não profissionais inspiradores que retém seus profissionais.
Gestão não é fácil de fazer, nem de mensurar e também não aparece nos resultados de curto prazo, mas é a única chave-mestra para reter os profissionais.

Marcelo Cuellar


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